Matéria publicada originalmente na VICE.

A Banda Uó e a VICE guardaram uma carta na manga pro começo do ano: a estreia do clipe “Gringo”, segundo single do álbum “Motel” (2012), que você confere logo abaixo. Parceria com o DJ e produtor norte americano Diplo, a música narra a história de amor entre um gringo e uma mulata de Carnaval.  Coreografias, figurino hypíssimo e  muitas cores no chroma key estão no vídeo dirigido por Artur Warren e Gustavo Suzuki. 

Conversamos com o Mateus Carrilho, um dos integrantes do trio, pra saber se eles se inspiram no É o Tchan ou não.

VICE: Num disco de fortes concorrentes a hit, como “Vânia” e “Malandro”, como vocês chegaram a um consenso e escolheram “Gringo”?
Mateus Carrilho:  A música é uma parceria nossa com o Diplo no álbum novo, “Motel.” É agitada, animada e tem essa vibe verão. Imaginamos que seria uma época legal pra lançar, já que ela fala sobre o Rio de Janeiro, sobre o calor e conta a história de uma morena que está atrás do gringo que ela conheceu no Carnaval.  A Banda Uó sempre fez muito vídeo.  No Brasil as pessoas não tem tanto esse propósito de lançar videoclipe.  Tanto que aqui o artista lança CD e um ou dois vídeos, no máximo. Nós trabalhamos muito com essa coisa visual. Somos independentes e não estamos na TV aberta o tempo inteiro. Mas temos vontade de produzir “Vânia” também.

Como rolou a ideia do clipe?
Nunca fizemos um clipe em chroma key… Peraí, minha máquina de lavar roupas tá louca. Ela saiu andando pela casa… Tá. Então. Aí o Artur Warren, o diretor, deu a ideia de fazer um vídeo em chroma key com as ilustrações do Rafa Dejota, que é um artista aqui de São Paulo.  Ele faz essas coisas meio étnicas,  meio new wave, sabe? Aí ficamos amigos dele e fizemos essa parceria. O clipe ficou bem legal, bem divertido e colorido. Acho que o que as pessoas vão gostar mais é do lance da cor. É o clipe mais colorido que fizemos.  Conseguiu ficar mais exagerado que os próprios integrantes. Dançamos, tem montagem, tem bumbum, tem coreografia. É pra bombar no verão, no Carnaval.

O clipe de vocês tem uma coisa meio Lady Gaga, meio É o Tchan, misturando fundo colorido, roupas descoladas e aquele rebolado brasileiro cheio de mística e sensualidade. Dá pra achar uma porrada de referências. Mas o que, de fato, inspirou a banda a fazer esse vídeo?
As referências vão mesmo desde É o Tchan, como você falou. Assistimos aquele vídeo deles, “Dança do Bumbum”, que é em chroma key. Tem também aquelas pinturas do Olodum,  tem um pouco de Rihanna em “Rude Boy”, um pouco de M.I.A. O lance da banda é mesmo isso, misturar o que é nosso com o que está lá fora. Essa pegada É o Tchan e essa pegada Rihanna. Como o nosso visual é inspirado em coisas que vemos lá fora, as pessoas fazem essa ligação: parece nacional e parece internacional.

E esses artistas também são referências musicais pra Banda Uó, não são?
Sim, eles fazem parte do nosso universo. O trabalho da nossa banda não é só musical. Cuidamos também do visual. Sentamos com a figurinista e explicamos pra ela todas as roupas que queremos usar. Se o trabalho final é tão bem executado, é porque temos total opinião sobre tudo.

Imagino que a banda dê muito trabalho pra figurinista.
Não muito. Ela é bem amiga nossa, mas sofre um pouco. É complicado. Dizemos que a Banda Uó sai caro porque o visual é uma coisa que conta, que nos acompanha. A banda é feita de roupa, de vídeo, de coreografia. Sempre tem que ter muita coisa. Todo vídeo tem que ter, no mínimo, três figurinos.  Tem que experimentar tudo, às vezes tem que trocar. Mas ficamos muito amigos. Ela conhece bem cada um e o que cada um quer.

De onde veio a inspiração pra compor a faixa? Foi uma história real?
A brincadeira foi o Diplo ter produzido essa faixa. Na hora de fazer a letra, ficamos pensando no que falar, em qual tipo de narração seria melhor. E aí usamos o Diplo como o gringo da música. Vimos que essa era a brincadeira: um gringo conhece uma morena no Carnaval e volta pro Brasil para procurá-la. Só que rola esse desencontro e ela está louca pra vê-lo. É uma saga entre o gringo e a mulata do Carnaval.

Um amor de verão?
Isso. O gringo Diplo e a mulata brasileira.

Como foi o clima da gravação? Alguma peculiaridade?
Isso nem é engraçado, é até um pouco trágico. Na última cena, tem a Mel vestida de sereia. Mas foi a última coisa que gravamos e já estávamos muito cansados. Acho que a sereia não saiu tão simpática assim.  Mas matamos a gravação num dia só, bem fácil.

Tem muito gringo correndo atrás de vocês?
Eles começaram a correr, na verdade. Fomos pra Berlim e pra Roma mês passado e lá a música que eles mais gostaram foi essa. Eles adoraram, principalmente a dancinha de tremer o bumbum. Subiram no palco, participaram. Acho que “Gringo”, da Banda Uó, vai atrair muito gringo, sim.


Matéria originalmente publicada na revista Nego Dito.

Edição de texto: Fabio Navarro

Fotos: Cecília Garcia.

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Déora Lopes conta a quase irreal história de Ivan Costa, o poeta que largou o cartesiano pela métrica

Quando toquei a campainha,
por volta do meio-dia,
o som do violão parou.

Eu e Cecília, a fotógrafa, nos olhamos ressabiadas. Ivan abriu a porta e riu, dizendo que o porteiro confiou muito em nós – já que o morador não fora avisado que duas desconhecidas subiam. Thiago, um rapaz alto, apareceu e nos cumprimentou. Enquanto Ciça arrumava os equipamentos, me acomodei em uma cadeira na sala e constatei que o gravador não funcionava. Ivan sentou-se no sofá azul, embaixo de uma gravura de Picasso, e Thiago noutra cadeira – ambos mais ressabiados que nós. Peguei meu caderno, uma caneta e tentei quebrar o gelo, dizendo que para um apartamento na movimentada Nove de Julho, o lugar era até silencioso.

Conheci o poeta e músico Ivan Costa na Virada Cultural deste ano. Enquanto ia de um palco para o outro, notei uma trupe – no meio de um bololô de gente – empunhando violões e cantando feliz. Malditos hippies? Talvez. Pedi para que minha turma de amigos parasse ali. Algo me pedia para ficar. Um deles, cabeludo, veio até mim com um livrinho em mãos. “Larguei meu emprego no banco e agora vendo meu livro de poesias“. Perguntei o preço, R$3.

Não tenho agora“, menti. Mas a história me interessou e perguntei de onde vinha o rapaz de sotaque malemolente. “Sergipe“, respondeu tranquilo. Contei que era jornalista e que sua história me interessava. Dias depois enviei um e-mail marcando nosso encontro.

Se há brilho, desembrulhe

Ivan nasceu em Estância, cidade de Sergipe com cerca de 60 mil habitantes, onde jogou muita bola pela rua e cresceu feliz. Aos 14 anos, pediu uma guitarra de presente para a mãe. Não ganhou, mas acabou atraído por um violão que pertencera ao pai e vivia encostado em um quartinho de coisas velhas. Conta que a música abriu portas para a literatura em sua vida. Mas, para ganhar dinheiro, fez de tudo um pouco. Viveu quatro anos em Manaus, onde consertava computadores. Abriu uma empresa com o amigo Thiago Nuts, que funcionou por um ano e “faliu, graças a Deus“. Pouco depois, mudou-se para São Paulo. Na primeira vez em que viu a cidade – quando quase foi atropelado –, segurava um violão e uma mala grande. Mudar-se para a terra da garoa tinha um motivo: queria prestar concurso para entrar no banco.

Conseguiu. Arrumou o famoso emprego “pra vida toda” no Banco do Brasil.
Em 2011, empregado no banco, teve um livro publicado pela Biblioteca 24 horasMeus Versos, Meus Universos. No mesmo ano, lançou 140 caracteres – o livrinho que acabei ganhando na Virada –, agora independente.

A publicação, inspirada nos poucos toques do Twitter, traz frases poéticas, poemas e pensamentos soltos como “Agora sim, assim, aterrissei no ar…“.  Amigos de trabalho e até mesmo os clientes mais chegados eram presenteados com um exemplar. Ivan conta que deixava livros no ônibus para que pessoas aleatórias os encontrassem. Uma vez, deu 100 exemplares para um vendedor de balas, pedindo que ele distribuísse junto com seus produtos comercializados transporte público afora. No outro dia, eufórico, o vendedor pediu mais, dizendo que havia vendido tudo.

O estopim se aproximava. Acordar para ir ao trabalho era tortuoso. Não que para o resto da humanidade seja diferente. Durante o expediente, o sergipano que um dia escreveu a bela frase “Hora de partir para a agressão: pôr minha alma para dormir” presenteou uma cliente mais velha com seu livro. A mulher mal leu duas frases e, olhando fundo em seus olhos, disparou:

O que você está fazendo atrás dessa máquina?.

No dia 8 de fevereiro de 2012, o poeta teve sua alforria. Largou o banco e voltou para Sergipe com uma ideia fixa na cabeça: comprar uma Kombi e rodar sem destino para vender seus livros e discos. Antes, ligou para o amigo de infância e sócio na tal empresa de computadores em Manaus com uma pergunta decisiva: “Você tem coragem?“. Thiago teve.

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Chegando em Sergipe, Ivan apressadamente comprou o jornal de classificados local, que o levou até Clarice, a Kombi branca. O primeiro encontro exigiu que o pai do poeta – entendedor de automóveis – estivesse junto. Nascida nos idos de 2002, surpreendeu já no teste-drive: encostou durante a primeira volta no quarteirão. Mas o amor a tudo resiste. Foi levada ao mecânico. Revisada, ganhou além de um sorrisinho na parte dianteira, poemas e frases em sua lataria. Foi com ela que os dois amigos de infância resolveram rodar pelo país.

Com pouco dinheiro e muitos sonhos, uniram o útil ao agradável: elaboraram um roteiro onde pudessem dormir na casa de conhecidos e, assim, conter as despesas. Deram um nome ao projeto, Brincando de Viver. Na Bahia, passaram por Arembepe, Salinas da Margarida, Porto Seguro e Salvador. Em seguida, rumaram para Marataízes, no Espírito Santo. Um dos últimos destinos foi Búzios, no Rio. Repleto de turistas, o lugar poderia ser um prato cheio para os donos de Clarice. “Ficamos dois dias e não vendemos nada“, conta Thiago, rindo. Em contrapartida, tiveram um feliz encontro: conheceram um casal de argentinos que rodava a América Latina de bicicleta vendendo seu CD.

Só neste ano, mais dois livros complementam a produção literária do sergipano: foram lançados 140 Caracteres – Novas Frases e Sinto Muito – tudo independente.
Por enquanto, Ivan e Thiago fixam residência em São Paulo. Dividem um apartamento com mais um amigo, mas estão cheios de planos. Querem continuar rodando por aí. Já Clarice, com seu sorrisinho na parte dianteira, é sucesso absoluto de público e mora num estacionamento empoeirado embaixo do viaduto. Na estrada, alguns olham sem entender nada, outros festejam e buzinam.

Os três – Ivan, Thiago e Clarice – foram parados pela polícia uma única vez. Não havia nenhum problema com documentos, nem com a Kombi. A única pergunta feita pelo guarda foi:

Qual de vocês três sorri mais?“.


Texto originalmente publicado no Guia de Cidades Terra

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O Museu da Imagem e do Som (MIS) recebe a mostra Superfície Polaroides, que reúne fotografias tiradas por Andy Warhol, ícone do movimento “pop art”.

Entre as 300 obras disponíveis, o público confere fotos de artistas como Mick Jagger, Liza Minelli, John Lennon, Sylvester Stallone, Jane Fonda, Arnold Schwarzenegger e Francis Bacon.

A mostra celebra os 25 anos de morte de Warhol, ocorrida em 1987.

Serviço
Local: Museu da Imagem e do Som – MIS (Avenida Europa, 158 – Pinheiros. Tel. 11  2117-4777)
Quando: até 24/06
Entrada: R$4 a R$2
Horário: ter a sex, das 12h às 22h; sab, dom e feriados, das 11h às 21h


Texto originalmente publicado no Guia de Cidades Terra

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O SESC Pompeia abriga imagens da fotógrafa Renata Castello Branco, que mergulhou no universo dos moradores de Paraisópolis, a segunda maior comunidade da cidade.

>> Clique aqui e confira imagens da exposição

Ao todo, 95 registros fotográficos compõem Paraisópolis, Uma Cidade Dentro da Outra, que exibe os refúgios e a concepção de família dos moradores do bairro.

A exposição começa com um “video mapping” (técnica que permite a projeção de imagens 3D em qualquer superfície), que leva o visitante à região onde foram feitas as fotos. Por fim, seis televisores com fones de ouvido permitem que o participante escute depoimentos de alguns moradores de Paraisópolis e de membros da equipe que acompanharam a fotógrafa paulistana.

Serviço
Local: SESC Pompeia (Rua Clélia, 93 – Perdizes. Tel. 11 3871-7700)
Quando: até 09/07
Horário: terça a sábado, das 10h às 21h; domingos e feriados, das 10h às 20h


Texto originalmente publicado na revista Nego Dito, acompanhando poesia de Junior Bellé e fotos de Priscilla Florido

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Foto: Priscilla Florido

Uma cena de múltiplos elementos me chama a atenção. Dois travestis debruçados à janela posam para um fotógrafo enquanto uma canção boliviana advinda de algum bar próximo alcança o ambiente. No mesmo quadro, aparentemente sob o efeito do crack, homens e mulheres encontram-se na calçada, fumando cigarros e conversando. A menos de dez metros, ainda na Rua Helvétia, na região da Luz, pessoas participam de mais um Churrascão da Gente Diferenciada.

Moradores da região, conhecida como Cracolândia, se organizam em fila para receber sanduíches de carne. Alguns dançam, alguns sorriem, alguns tomam o mega-fone e improvisam raps e funks, ovacionados pelos presentes.

Nas paredes, cartazes questionam a eficácia da ação policial e a maneira através da qual viciados e moradores têm sido tratados nos últimos dias.

Com os poucos dentes que lhe restam, um morador de aproximadamente 60 anos sorri para mim. Seu tamborim, improvisado com uma garrafa de cerveja, mostra alguma experiência com o batuque – o som emitido é caprichado, digno de um bom samba. Torna-se irresistível não fazer o mesmo. Olho firme em seus olhos e sorrio de volta.

Aglomerados sob uma lona verde improvisada, participamos de uma roda de samba. Fora da lona, a chuva aperta. Algumas pessoas abrem seus guarda-chuvas, algumas simplesmente não ligam. O tímido sol e o céu cinza da cidade se misturam, resultando em enxurrada. Mas não nos preocupamos. Também nos misturamos. Não temos mais identidade. Somos craqueiros, somos trabalhadores, estudantes. Abrigados pela mesma cidade, temos os mesmos direitos. Compartilhamos o calor, o suor e a chuva enquanto infortúnio ou “benção”, já que a água não é preocupação aqui. A lona preserva apenas os instrumentos. E enquanto velhos sambas são entoados, a natureza – tão em dúvida entre o sol e a chuva – presenteia a Cracolândia com um dia bonito e um arco-íris no céu.


Texto originalmente publicado no Guia de Cidades Terra

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Recém-inaugurado, o restaurante Maramiah, em Moema, serve o prato Maqluba (R$59), conhecido como “paella árabe”.

Composto por arroz, carne e diversos legumes, o prato também conta com uma versão vegetariana. Nas casas palestinas, costuma ser servido às sextas-feiras.

Entre as curiosidades do restaurante – que não serve bebida alcoólica -, é que ele segue o “Halal”, conjunto de regras islâmicas onde não há sofrimento animal durante o abate da carne.

Serviço
Local: Maramiah (Rua Canário, 390 – Moema. Tel: 11 5051-0558)
Horário de funcionamento: ter a sab, das 11h30 às 23h; dom, das 11h30 às 22h


Texto originalmente publicado no Guia de Cidades TerraImagem

A cidade de São Paulo recebe a maior mostra de rock da América Latina, a Let’s Rock, que pode ser conferida na Oca do Parque Ibirapuera. Exibição de filmes e documentários de rock, pocket shows, bate-papos, workshops, mostras de fotografia e conteúdo interativo são reunidos no evento.

Após passar por um tubo de 20 metros, o visitante confere uma linha do tempo que exibe fotos, textos, recursos gráficos e canções que se tornaram clássicos, dos anos 1950 até a primeira década do século 21.

Elvis Presley, Beatles, Rolling Stones, U2, The Who, Led Zeppelin, Pink Floyd, Queen, Ramones, Sepultura, Legião Urbana, Raul Seixas, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Mutantes são alguns dos artistas que estão na exposição.

Confira a programação no site oficial www.letsrockexpo.com.br

Serviço
Data: até 27 de maio
Horário: ter a dom, das 10h às 22h
Ingressos: R$10 a R$20
Local: Oca do Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/n – Moema)


Texto originalmente publicado no Guia de Cidades TerraImagem
Imagem: Divulgação

Com 65 shows no currículo sete meses depois de lançar o elogiado álbum Nó na Orelha, o MC, cantor e compositor Criolo segue na divulgação de seu trabalho com dois shows no Cine Joia (25 e 26/05).

Escudado por Daniel Ganjaman (teclados) e Marcelo Cabral (baixo elétrico e acústico), produtores do disco, o rapper apresenta ao público faixas como Não Existe Amor em SP, a melhor música de 2011 segundo o ranking da revista Rolling Stone brasileira.

O repertório traz também Bogotá, Freguês da Meia-Noite e Sucrilhos, que conta com um novo arranjo.

Serviço
Data: 25 e 26 de maio
Horário: 23h
Local: Cine Joia (Praça Carlos Gomes, 82 – Liberdade)
Ingressos: R$30 a R$50



Um dos lugares mais charmosos e interessantes da cidade, a Cinemateca, recebe mostra do diretor dinamarquês Lars von Trier (foto). Longas como Os Idiotas (1998),  Dançando no Escuro (200), Dogville (2003), e os mais recentes Anticristo (2009) e Melancolia (2011) constam da programação, que vai de 4 a 20 de outubro.

Kirsten Dunst em cena de Melancolia (2011)

Björk versus von Trier, o filho de nudistas
São incalculáveis as polêmicas que rondam vida e obra do diretor. Filho de nudistas radicais, Lars von Trier teve uma educação liberal, onde lhe era dado poder de decisão absoluto. Ir ou não ir às aulas, por exemplo, cabia ao pequeno Lars.

No Festival de Cannes deste ano, Lars foi considerado persona non grata após ter dito em uma entrevista coletiva que entendia os nazistas. Se retratou e tudo mais, mas voltou pra casa sem participar da festança.

Dançando no Escuro (foto), filme que traz como protagonista a cantora islandesa Björk, foi elogiado pela crítica na época do lançamento, mas o que virou manchete, de fato, foram as declarações da moça. Durante os 18 meses de gravação, os dois entraram constantemente em atrito. Fosse pelo número de repetição de cenas ou pela alma workaholic do diretor, tudo parecia motivo para que a coisa não engrenasse. De início, Björk seria responsável apenas pela trilha do filme, que deu-se no álbum Selmasongs (veja a capa). Acabou virando a protagonista e levando pra casa a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Porém, após os três anos dedicados ao filme, Björk jurou nunca mais se arriscar na sétima arte.

A despeito de todos os bafafás que rondam a produção do longa, Dancer in the Dark, no título original, é um filme delicado, que conta a história de Selma, uma tcheca que mora nos Estados Unidos. Portadora de uma deficiência visual que está a levando à cegueira, resolve juntar dinheiro para tratar o filho, que certamente desenvolverá a mesma doença.

Esqueça o fato de gostar ou não de Björk
Exceto pelos momentos musicais – insuportavelmente bregas – , Lars von Trier leva à tela situações conflituosas e frágeis. Björk faz uma atuação delicada. Esqueça o fato de gostar ou não gostar de sua música.

O desfecho, estarrecedor, foi muito bem definido pelo New York Times (leia a resenha), durante o lançamento da película: “No fim, você termina exatamente onde começou: no escuro”.

Confira a programação completa

Serviço
Retrospectiva Lars Von Trier
Quando: de 4 a 20 de outubro de 2011
Quanto: R$8 inteira e R$4 meia
Onde: Cinemateca  Brasileira – Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Clementino, São Paulo – SP – Tel: (11) 3512-6111


When Harry Met Salad é um blog criado por Megan, uma vegetariana que mora em Michigan, EUA, cujo o marido é viciado em fast food (especialmente em tacos) e detesta saladas e vegetais. Diante de tal impasse, Megan resolveu montar o blog para dividir suas novas experiências culinárias (fotos abaixo). Nele, ela tenta unir os dois universos alimentícios. Em inglês.

Tati Abreu é fotógrafa e teve a linda ideia de cobrir aniversários infantis com uma linguagem antiga. No blog do Estúdio Barbarella, ela posta suas delicadas imagens.